domingo, 27 de maio de 2007

Adeus, hot-dog!

Uns meses atrás o Tom (o "advogostoso" da série "Justice") disse: "Se você gosta de salsicha, é melhor não saber como ela é feita!", comparando o ingrediente fundamental dos nossos hot-dogs de cada dia à justiça (se me recordo bem). Eu olhei bem pra cara dele e, meio confusa (ou "boiando" mesmo, como preferir), perguntei: "Mas como assim, Tom?! O que você quer dizer com isso?".
Fiquei refletindo por um tempo, esperando que o Tom respondesse, mas ele optou por me ignorar. Então, decidi cortar relações com ele, esquecer a questão e seguir com a minha vida. Assim seria melhor pra nós dois.

Ontem, de coração curado e numa fase de revolta contra o papa, a igreja e qualquer coisa que se meta na liberdade dos cidadãos, fui à banca de jornal e encontrei uma "Super Interessante" que tinha como matéria de capa - pasmem - a verdadeira história da igreja. Sentindo que aquilo só podia ser uma obra do destino (ou do próprio Deus, que quer que descubramos a verdade!), não tive outra escolha a não ser implorar para papai comprar a revista pra mim.

Chegando em casa, me joguei na cama e abri a revista, aleatoriamente, numa matéria sobre a verdadeira composição dos produtos comuns, como molho de tomate, creme de barbear, sabonete esfoliante (afinal, é eSfoliante ou eXfoliante??!! Eu voto no primeiro!) e, tchan tchan tchan tchaaaans, SALSICHA!!! Automaticamente a frase do Tom me veio à cabeça. Foi um pouco doloroso lembrar desse triste momento, mas enfim, a vida é assim, né, um dia de caça, outro de caçador.

Tremendo e suando de tanta ansiedade em saciar minha curiosidade, comecei a ler a composição da nossa digníssima salsicha (a qual, mais tarde, acabei descobrindo que não era tão digna assim). Há coisas na vida que simplesmente desejamos não ter feito, certo? Bem, ler essa reportagem foi uma delas.

ADVERTÊNCIA: O conteúdo apresentado a seguir pode ser um tanto chocante. Tire as crianças de perto e, se você tem problemas cardíacos, estômago fraco, alterações de pressão, ou simplesmente não poderia aceitar a idéia de viver sem salsicha, sugiro que pare de ler este texto e feche a janela agora. Obrigada pela atenção.

Não, papelão não faz parte da composição da salsicha. Sinto informar que isso não passa de uma lenda urbana, você foi enganado e terá que conviver com isso. Sente só a verdadeira composição: carne mecanicamente separada de ave, pele e miúdos suínos (fígado, rins e coração), carne suína, gordura de ave [já começamos mal. Fígado, rins e coração de porco + restos de frango? Ew!], blá blá blá, aroma de fumaça[Sim, isso mesmo que você leu: AROMA DE FUMAÇA. Como a revista disse, seria como comer fumaça em pó. Mas é isso que dá o sabor defumado à linguiça...], blá blá blá e carmim de cochonilha [nada mais, nada menos que um corante extraído da fêmea de uma espécie de besouro. Em outras palavras, milhares de besouros secados ao sol e triturados. Ew! Ew! Eeeeewww!!]

Aposto que você nunca mais encarará a salsicha da mesma forma. Se, após ter lido esse post ou a própria reportagem você ainda conseguir comer um cachorro-quente com a mesma vontade de antes, por favor, me avise. Porque a minha vida nunca mais será a mesma depois dessa descoberta. Tudo que me resta agora é dar uma ligadinha pro Tom, só pra ver se cortar relações foi mesmo a melhor opção para nós dois.

P.S.: Mentira, daqui a menos de uma semana eu já terei esquecido tudo isso e estarei comendo salsichas normalmente, como fazia antes. Ou não. Pode ser que toda vez que eu olhe pra carinha dela eu me lembre dos besourinhos, dos miúdos e do pó de fumaça. É, minha vida nunca mais será a mesma depois dessa descoberta. Adeus, hot-dog! Até o dia em que os besourinhos, miúdos e pó de fumaça já tenham saído voando da minha memória!